Pequenos prazeres (II)
Entrar em casa e o cheiro a sopa acabada de ferver uma última vez, na sua primeira cozedura. O cheiro a mundo novo que se espalha pela casa, que se entranha em nós. Espreitar na cozinha, entrar na panela e assistir ao último borbulhar de um lume já apagado. Pegar na concha da sopa e deixá-la mergulhar até ouvir o fundo do tacho, trazer ao de cima o suco dos vegetais pescados a dedo na mercearia do lado. Deitar num prato grande e branco e ver a sua cor escorregar por entre as bordas - verdes, laranja-cenoura, encarnado-tomate, com letras ou estrelas, massinhas ou salpicada de ripas de couve, com pedaços ou passada.
Entrar em casa e o cheiro a sopa acabada de ferver uma última vez, na sua primeira cozedura. O cheiro a mundo novo que se espalha pela casa, que se entranha em nós. Espreitar na cozinha, entrar na panela e assistir ao último borbulhar de um lume já apagado. Pegar na concha da sopa e deixá-la mergulhar até ouvir o fundo do tacho, trazer ao de cima o suco dos vegetais pescados a dedo na mercearia do lado. Deitar num prato grande e branco e ver a sua cor escorregar por entre as bordas - verdes, laranja-cenoura, encarnado-tomate, com letras ou estrelas, massinhas ou salpicada de ripas de couve, com pedaços ou passada.
Pousar a colher, mexer devagar, para um lado e para o outro. Encher a colher e trazê-la a pairar no ar ao nariz para cheirar, à boca para provar e sentir o queimar do céu da boca...
A magia da sopa acabada de fazer, acabada de deitar no prato, não se compara nunca a nenhuma das vezes em que recai na panela para voltar a borbulhar. Pequeno prazer o de poder provar a sopa nova e o sabor da primeira colherada que queima a boca, mas aquece a alma.
10 comentários:
Lindo, este texto. Gosto muito desta série dos pequenos prazeres.
Beijinhos
Acho que a sopa está neste momento inchadíssima. Raramente alguém lhe dedica palavras tão quentinhas, como tu conseguiste. Eu adoro sopa(s), quase todas, e sou capaz de comer sopa a qualquer hora. Mas acho que a sopa, depois de ler o teu texto, ficou a adorar-te foi a ti!
Bjs
Bolas!
Nunca tinha pensado nisto desta forma!
Olha..li umas três ou quatro vezes...imaginei cada pormenor e cada momento que descreveste...e acredita que é mesmo um grande prazer!
E o mais engraçado é que nunca tinha reparado nisso..até hoje!
Com este teu post Sofia...fizeste-me imaginar cada passinho que se dá até chegar ao prato quente e fumegante! Hummmmmm sabes que mais??? Já ia um caldo verdezinho!!!hihihihihi
Um beijinho muito grande!
Cleo
***Gostei muito de aqui vir!!;)
Ainda bem que gostas! E queres saber uma coisa? As tuas sopas são óptimas. Só provei duas, mas estás aprovada!
beijinhos
Olá Rosarinho! Olha para o que me havia de dar este fim-de-semana. É que a sopa é também um mimo para a alma e eu estava mesmo a precisar deles! Também adoro sopa, a qualquer hora... ou melhor, na hora que estiver mais quentinha!
beijinhos
Cleo. desculpa, mas esqueci que uma grávida frequentava este blogue! E coitadinho do teu menino que ainda há-de ir a Santos comprar caldo verde.
Ainda bem que gostaste e que te fiz dar esses passinhos... até à penela!
beijos menina
o dia sem sopa...nunca!até no verão bem geladas... com pepino e tomate.uma delicia... bom fim de semana.
Musqueteira, obrigada pela visita!
A sopa a mim aquece a alma no Inverno e no Verão conforta a alma...
Ainda hoje comi uma deliciosa
beijinhos
subscrevo o que a AV disse em cima.
Uma agradável surpresa!
Obrigada Julia e volte sempre!
beijinhos
olha, voltei novamente ao texto. é que eu além de ser uma autentica "sopeira", no sentido de adorar sopa, também gosto de palavras lindas.
Ainda bem julia... a soupa a mim sabe-me sempre muito bem... quente, fria... também sou sopeira!
beijos
Enviar um comentário